sábado, 30 de novembro de 2013

Diários de Óculos 2013 #07 - O que já foi

Por que o passado tende a parecer mais brilhante do que o presente?

Parece que nunca vivemos plenamente os dias de hoje, enquanto o tempo outrora (o dia ensolarado de domingo à beira de um rio intermitente quando você dedicava abraços e beijos à sua primeira paixão da adolescência. As noites fugidias quando você acordava no meio da noite ouvindo música e sentindo o calor do corpo deitado ao lado, seu primeiro amor da vida adulta) há de ser para sempre um oásis na memória.

A plena felicidade atingida, mesmo que momentaneamente, verdejará mais imponente em algum ponto que já foi.

-MWXS

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Diários de Óculos #06 - Antunes, Quintana e Leminski

A magia do Arnaldo Antunes é que ele faz musicalmente o que Quintana e Leminski fazem em suas poesias: uma brincadeira de palavras e toda força que elas carregam consigo, como se estivesse numa alegre (vezes triste) ciranda.

-MWXS

sábado, 23 de novembro de 2013

Diários de Óculos #05 - O vulto no escuro

O sobrenatural foge de mim tanto quanto tenho propensão a busca-lo, mesmo não tendo a mínima ideia de como reagirei caso este encontro ocorra um dia.

Então me pergunto: como escrever sobre algo tão fascinante para mim sem nunca o ter vivenciado mesmo em seus níveis mais superficiais?

A curiosidade que move os passos que não se consegue impedir, o calafrio diante do sussurro ou da sombra momentaneamente inexplicáveis.

-MWXS

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Cartas para Ela #02 - Último adeus

Passei por cima dos meu próprio orgulho vezes demais para manter mesmo a mais tênue amizade entre nós. Não obstante, ser julgado o único culpado pelas inconveniências que esta amizade causa por ainda existir foi a gota d'água.

Ter lido que sou digno de sua tão preciosa atenção apenas por "andar relativamente nos trilhos" foi um insulto à reciprocidade demandada por qualquer amizade verdadeira, então, percebida tal ilusão, por que sustentá-la?

Nunca fui e nunca serei da laia dos homens que servem apenas para massagear teu ego e o único motivo de estar aqui, onde ouço tu chamar, é por enxergar muito além da tua beleza.
Eis que agora, depois de tudo feito e tudo acabado, sobra o adeus.
E o último desejo de que fique bem.

-GABRIEL W. TUDOR (Cartas para ela: Último adeus)

Cartas para Ela #01 - Quando durmo

QUANDO DURMO

GABRIEL W. TUDOR

Durmo com o peito apertado por inúmeras vontades contidas.
Momentaneamente sozinho, mas não por escolha.
O desejo me leva longe: até outro quarto, outra cama,
Onde eu poderia retribuir os bons pensamentos,
Dar boa noite sem dizer uma palavra.
Ao te calar com um beijo, te fazer adormecer
Abraçada pelas mesmas vontades que me fizeram fugir esta noite.

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