quinta-feira, 24 de março de 2011

cartas para yaya (24.março.2011)

para Y.

ha tanto que nao escrevo para voce que me sinto envergonhado... como o tempo pode passar tao rapido e derepente alguem pode se ver com tao pouco para si mesmo?

sim, porque a ausencia destas palavras escritas tao necessarias nao trata-se de displicencia em relaçao a voce, mas uma profunda falta para comigo mesmo, com meus sentimentos e com meu proprio espirito!

como alguem pode deixar tal chama esquecida durante tanto tempo em algum canto do coraçao? nao conseguirei achar nenhuma resposta. ao menos nenhuma que tenha algum valor ou que faça certo sentido...

mas agora caminho por trilhas tortuosas quando encaro arduamente a puniçao por minhas falhas: espelhos de meus pecados contra meu proprio animo! e agora, vendo-me testado e forçado e cogitar um futuro sem voce, meu peito queima de dor e enche-se de pranto quando finalmente soh resta um vazio opressivo.

destruida minha alma, meu amor dado para ti e o recebido em troca de forma tao sublime, nao me resta mais nada a nao ser tentar renova-lo na promessa de uma nova epoca. uma nova chance. uma nova caricia com uma bela tarde como cumplice de nohs dois.

porque nosso amor tem a tarde como patrona, pois a noite nunca serah tao escura, quando cada sorriso teu enche meu coraçao de luz. cada momento da tua empolgaçao compartilhada comigo eh um sol radiante a explodir diante das minhas retinas.

eis o momento de pedir desculpas. para ti ou para mim? muito provavelmente para ambos.

soh sei do meu amor, do caminho que ele me revela e dos passos que eu devo seguir.

e por ti nao desviarei deles por mais nenhum instante perdido.

eu te amo.

-M

coisas que falam sobre coisas: cimeria (robert e. howard) *traduçao


eu me lembro
das florestas escuras, mascarando encostas de colinas sombrias;
da perpetua abobada plumbea em pesadas nuvens;
das correntes crepusculares que fluiam em silencio,
e dos ventos solitarios, sussurros no desfiladeiro.

paisagens se sobrepondo, colina sobre colina,
encosta por encosta, cada uma povoada de arvores tristes,
nossa terra descarnada jazia. e quando um homem subia
um pico aspero e contemplava, olhos protegidos,
via nada alem da paisagem infinita - colina sobre colina,
encosta por encosta, cobertas como suas irmas.

era terra de melancolia que parecia abrigar
todos os ventos e nuvens e sonhos afugentados do sol,
os galhos despidos agitavam-se por ventos solitarios,
e florestas recolhidas, de todo meditativas,
nem mesmo iluminadas pelo sol raro e esmaecido,
que tornava homens, sombras encolhidas; eles a chamavam de
cimeria, terra da noite e das trevas.

foi ha tanto tempo, tao longe daqui
que esqueci ate mesmo o nome pelo qual os homens me chamavam.
o machado e a lança de ponta em silex sao como um sonho,
e caçadas e guerras, sombras. lembro-me
apenas da quietude daquela terra severa,
das nuvens empilhadas sobre as colinas,
do esmaecer das florestas eternas.
cimeria, terra da noite e das trevas.

oh, alma minha, nascida das colinas encobertas,
de nuvens e ventos e fantasmas afugentados do sol,
quantas mortes servirao para romper, afinal,
a herança que me envolve em tristes
vestes de fantasmas? busco meu coraçao e encontro
cimeria, terra da noite e das trevas.