sexta-feira, 17 de setembro de 2010

diarios de oculos: entrementes


nao escrevo este texto numa antiga maquina de escrever.

assim como nao estou sentado diante de uma escrivaninha semi coberta de poeira, na qual descança num cinzeiro metalico uma ponta de cigarro ainda em brasa.

tambem nao estou ouvindo jazz ou blues. ou usando um chapeu e buscando alguma inspiraçao saida de vicios e virtudes enquanto curo ressaca com uma xicara quente e forte de cafeh.

estou apenas sentado diante de uma tela de computador. digitando palavras talvez vans, mas com certeza tao hipoteticas quanto saber a quantidade de chibatadas que talharam as costas do nazareno em seu martirio derradeiro.

entao invariavelmente meus pensamentos chegam a um ponto interessante: por que escrever? que necessidade teria em exteriorizar anseios simplorios nestes caracteres mais simples ainda?

paginas que seriam como uma valvula de escape... mas nao existem paginas, entao o que resta sao valvulas. mas o que escapa?

palavras contem poder, independente do meio que usam para se propagar, voz ou letras, carregam consigo verdades ou mentiras que no fim dizem quem nohs somos. nosso intimo, indole e paixoes.

escreve-las aqui entao serah expo-las a um julgamento perante o juizo de leitores conhecidos e desconhecidos. chego a conclusao que escrevo a pagina de um diario secreto que estah exibido a disposiçao para qualquer um.

e que julgamento farao de minhas palavras? se nao me importasse com tal veredito, por que o escreve-las entao?

num universo paralelo, tomo um gole profundo do cafeh ainda fumegante depositado na xicara descançando ao meu lado. apago a ponta de cigarro e continuo a escrever meu conto imaginario.

-MWXS